26/01/2009

37 nem sempre é febre!






"Nada mais comum do que julgar mal as coisas."
(Cícero)

"Filha, leve um agasalho, pois vai esfriar". "Querido, lembre-se de seu guarda-chuva; parece que vai chover...". "Não vá tomar gelado!".

Quem de nós já ouviu uma destas frases dos pais? E, aos que agora também são pais, quem não as pronunciou aos seus filhos?

Somos o legado social de uma cultura que venera a superproteção e tem aversão ao risco, por menor que ele seja, por mais saudável que ele possa vir a ser. A ordem é construir um muro ao redor de nosso mundo privado, encasular-se e defender as zonas de conforto arduamente conquistadas. Deste estado de coisas advêm duas conseqüências imediatas.

A primeira delas é a medíocredade. Temos o aluno medíocre, desinteressado em aprender, em conhecer, em saber. Limita-se a marcar presença nas aulas e a estudar nas vésperas das provas decorando fórmulas matemáticas ou definições de conceitos. Recebe nota cinco, numa escala de zero a dez, digna para fazê-lo passar de ano. Vai engordar a massa de operários na vida profissional, seja apertando parafusos ou preenchendo relatórios. E, assim, vai passar pela vida, sem deixar lembrança, legado ou marca.

Temos os profissionais medíocres, com inteligência bastante para ler as horas no relógio, batendo cartão ou assinando o ponto nos horários determinados. Respondem metodicamente seus e-mails, falam parcimoniosamente ao telefone, fazem exatamente aquilo que deles se espera. São limitados como o cargo que exercem, como os executivos que o contrataram, como a empresa na qual trabalham.

A segunda conseqüência é a presunção da verdade, uma autêntica mania de extrair conclusões, às vezes obtusas, a partir de informações parciais ou carentes de fidedignidade, criando o que Richard Carlson chamou de “bola-de-neve mental”.

O hábito de cultivar as bolas-de-neve mentais é fonte não apenas de stress, mas também de insegurança, conflito e desamor.

Nem tudo é como aparenta ser. Um termômetro que marca 37 graus não necessariamente indica ocorrência de febre. Da mesma forma que um erro corporativo pode não ser motivo para uma demissão, um telefonema suspeito pode não ser suficiente para perpetrar uma separação, um ponto de vista discordante não deve macular uma amizade.

Quebre a banca!

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